Os ‘castanheiros’ do Baixo Amazonas (PA)

28, março, 2014

Castanheiro

As 90 famílias de Cachoeira Porteira, no município de Oriximiná, ocupam uma área preservada da Floresta Amazônica às margens do Rio Trombetas – a mais de 800km da capital, Belém. São cerca de 400 moradores pautados pelo manejo de Castanha-do-Pará e atividades secundárias como pesca e produção de farinha, que compartilham de uma relação profunda com a floresta e inúmeras conquistas recentes para a comunidade.

Desde o século 19, a Castanha-do-Pará representa uma poderosa fonte de renda para os quilombos da região do Baixo Amazonas – a sua coleta, mesmo naquela época, visava o consumo local mas também a comercialização para o mercado regional. Além disso a Castanha-do-Pará constitui um forte elemento da identidade cultural das comunidades, herança dos africanos que foram trazidos para trabalhar nas fazendas da região, que interfere desde a escolha da ocupação das terras até o repertório de traduções (festas, canções, danças) e práticas sociais e econômicas dos quilombos.

Na virada do século 20 os quilombolas começaram a se organizar e transformar a atividade em renda para as comunidades. Em Oriximiná, primeiro vieram as lutas pela titulação dos castanhais e, depois, o empenho em organizar a produção e aumentar o lucro para o negócio.

— CASTANHEIROS EM ATIVIDADE

Respeitando o ciclo que produção das castanheiras os castanheiros de Cachoeira Porteira partem para a coleta no período de março a junho.

Na prática, os castanheiros coletam os ouriços que ficam espalhados pelo solo mata a dentro. Nas costas carregam o paneiro, um cesto para transporte de todo o trabalho da sua colheita. Ainda há aqueles grupos de castanheiros que passam períodos maiores acampados na mata, especialmente quando há boa safra (grande produção ou bons preços), com o objetivo de aumentar o lucro no final da temporada de castanhas.

Depois de coletados, os castanheiros quebram os ouriços com o facão – tarefa que exige força e habilidade, pois os frutos são muito duros. Então as amêndoas são separadas e levadas para Óbidos onde são medidas e vendidas para as usinas de beneficiamento.  Nas usinas as amêndoas passam por um período de secagem – as maiores costumam ser comercializadas com casca, as menores são descascadas e embaladas a vácuo para venda.